Agricultores do Soja Plus poderão receber a mais pelo grão na Europa
Proposta foi feita pela Aprosoja, durante reunião com Fefac, Fediol e IDH
Marcos Guimarães/Ascom Aprosoja
07/05/2018
No domingo (06), a diretoria da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) se reuniu com representantes da Federação Europeia dos Fabricantes de Rações (Fefac), Federação Europeia de Óleo Vegetal e Proteínas (Fediol) e a Iniciativa para Comércio Sustentável (IDH) para fazer alinhamentos sobre as próximas estratégias do Memorando de Entendimento (MoU, na sigla em inglês).
O MoU foi assinado com a União Europeia em janeiro de 2017, em Portugal, e reconheceu o programa de melhoria contínua em propriedades rurais de Mato Grosso, o Soja Plus, como o “passaporte” de uma soja produzida com sustentabilidade no Brasil.
Pela Aprosoja, estavam presentes no encontro de domingo o presidente, Antonio Galvan; o vice-presidente oeste, Diogo Rutilli; o 2º vice-presidente sul, Jorge Giacomelli, o 2º vice-presidente norte e coordenador da Comissão de Pesquisa e Gestão, Gilberto Eberhardt, o diretor executivo, Wellington Andrade, e o diretor técnico Wanderlei Guerra. A reunião começou com a apresentação de cada entidade sobre suas visões da produção, mercado de soja e novas estratégias para a parceria com a União Europeia.
Dentre as novas estratégias propostas pela Aprosoja, está o pagamento no mercado europeu de valor adicional ao agricultor pela soja produzida dentro das propriedades participantes do Soja Plus, a possibilidade de emissão de um selo Soja Plus pela própria associação, atestando as adequações das propriedades participantes do programa, e também um novo formato na classificação dos grãos.
“Sabemos que na Europa há consumidores e alguns grandes varejistas já dispostos a pagar um valor adicional por essa soja produzida com sustentabilidade. E, nesse contexto, o Soja Plus se encaixa como uma ferramenta para acesso a esses consumidores e, consequentemente, com um valor agregado aos nossos produtores”, explica Antonio Galvan.
Sobre classificação de grãos, o presidente da Aprosoja afirma que precisa haver modificações. “Entendemos que um novo formato deve ser implementado, por meio de avaliação de teor de proteína e óleo, ao invés de qualidade física do grão. Por isso estamos iniciando essa conversa”, completa.
Programação – A programação de reuniões com os representantes da União Europeia continua hoje. Nesta segunda-feira (07), o Comitê Diretor do MoU se reunirá para avaliar as ações em andamento e as que foram feitas até o momento, bem como definir os próximos passos. Hoje, representantes da Associação Brasileira de Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) estarão presentes.
Outra agenda para esta segunda-feira é o alinhamento da Comunicação. O grupo definirá os temas chaves para os membros do MoU.
Na terça-feira (08), a agenda continua, porém, voltada para uma discussão mais técnica. Dentre os temas, estarão o projeto de co-funding, que é o recurso que o IDH tem aportado para a Aprosoja com foco no Soja Plus; o prêmio Soja Plus, proposto pela Aprosoja; modelos da cadeia de suprimentos e conceitos de áreas de originação.
A agenda termina na quarta-feira (09), com uma visita em uma propriedade rural, em Campo Verde, que aderiu ao Soja Plus. Os representantes das federações europeias poderão constatar in loco como funciona o programa na prática.
Aprosoja-MT acusa Moratória da Soja de cartel e pede investigação ao Cade
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) protocolou um pedido formal ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para investigar práticas comerciais das empresas signatárias da Moratória da Soja. A entidade argumenta que o pacto, firmado em 2006 para conter o desmatamento no bioma amazônico, transformou-se em um mecanismo de exclusão econômica que viola o princípio da livre concorrência e prejudica os produtores que seguem a legislação ambiental.
A principal queixa da Aprosoja-MT é que a Moratória extrapola o Código Florestal, que permite o uso de até 20% das áreas de floresta na Amazônia Legal para produção, desde que estejam devidamente licenciadas. No entanto, segundo a entidade, as tradings signatárias da moratória, que representam 90% do mercado, recusam-se a comprar soja cultivada nessas áreas legalmente abertas, adotando a política de “desmatamento zero”.
Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja-MT, critica o impacto econômico do acordo, que afeta diretamente 65 municípios e 2,7 milhões de hectares no Mato Grosso. “Quando desprezou o direito dos agricultores, a Moratória da Soja deixou de ser uma solução ambiental para se tornar um obstáculo ao progresso econômico de regiões inteiras”, afirmou Beber. A entidade calcula que as restrições resultam em perdas superiores a R$ 20 bilhões.
No pedido, a Aprosoja-MT sustenta que a Moratória configura um cartel de compra, no qual as tradings atuam de forma coordenada para limitar a comercialização da soja e controlar preços, ferindo a livre iniciativa e os princípios constitucionais da economia de mercado.
Sidney Pereira de Souza Jr., advogado da Aprosoja-MT, afirmou que a investigação pode comprovar a existência de um boicote coletivo. “Há indícios claros de uma atuação coordenada que restringe o mercado e prejudica milhares de agricultores, que têm o direito de ver sua produção reconhecida e comercializada de forma justa.”
A Moratória da Soja foi criada como um compromisso entre empresas, ONGs, governo e sociedade civil para evitar desmatamentos ilegais no bioma amazônico, impondo restrições à compra de grãos cultivados em áreas desmatadas após 22 de julho de 2008. Contudo, a Aprosoja-MT alega que o pacto impõe barreiras supralegais aos produtores que cumprem o Código Florestal, estabelecendo critérios adicionais que não têm respaldo na legislação brasileira.
A entidade ressalta que o Código Florestal, aprovado em 2012, já estabelece regras claras para a proteção ambiental e o uso da terra. “O acordo da moratória pune quem age dentro da legalidade, o que é inaceitável. Precisamos garantir que a legislação nacional seja respeitada, e não suplantada por critérios impostos unilateralmente”, disse Beber.
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Câmara dos Deputados e Senado já haviam solicitado ao Cade a abertura de uma investigação sobre o impacto da Moratória da Soja, apontando possíveis violações à livre concorrência. A Aprosoja-MT reforçou esses pedidos com novos dados técnicos e pareceres jurídicos, argumentando que o pacto compromete o desenvolvimento econômico das comunidades locais e prejudica o mercado nacional de soja.
Com o Mato Grosso ocupando posição de destaque na produção global de soja, a investigação do Cade pode ter amplas repercussões no setor, impactando não apenas o agronegócio brasileiro, mas também o comércio internacional de grãos.
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