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Agricultura

As novas regras do CMN e o fim da moratória em Mato Grosso

Enquanto MT põe fim à moratória, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou, na última quinta-feira (19.12), uma nova resolução que endurece as regras para a concessão de crédito rural, incluindo restrições ambientais mais rigorosas.

A medida busca alinhar o financiamento do setor agropecuário ao combate ao desmatamento ilegal. Ao mesmo tempo, no estado de Mato Grosso, a recém-sancionada Lei Estadual nº 12.709/2024 segue no sentido oposto, ao abolir exigências como a Moratória da Soja e reafirmar o Código Florestal Brasileiro como único parâmetro para a atividade agrícola.

Esse cenário coloca em evidência um contraste significativo entre as políticas estaduais e federais, levantando questionamentos sobre como equilibrar os interesses do agronegócio e a preservação ambiental.

Pontos Convergentes com a lei mato-grossense: Ambas as iniciativas reconhecem o Código Florestal como a base legal para as atividades agropecuárias e ambientais. A resolução do CMN permite que produtores comprovem a legalidade de desmatamentos realizados por meio de autorizações específicas, enquanto a lei de Mato Grosso reforça que nenhuma exigência além do Código pode ser imposta aos agricultores.

Combate ao Desmatamento Ilegal – Tanto o CMN quanto o estado de Mato Grosso manifestam preocupação com o desmatamento ilegal. A resolução federal cria mecanismos para bloquear o crédito de quem não cumpre as regras ambientais, enquanto a legislação estadual busca fortalecer a segurança jurídica para quem segue a lei.

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Regularização Ambiental como Solução – Os dois textos também incentivam a regularização ambiental. O CMN permite que produtores com áreas embargadas acessem crédito desde que estejam em processo de adequação, enquanto Mato Grosso argumenta que o Código Florestal já fornece instrumentos robustos para a regularização.

Pontos Divergentes: A principal divergência está na inclusão, pela resolução do CMN, de mecanismos como a “lista negativa” de desmatamento e a proibição de financiamento para áreas desmatadas, mesmo que legalmente, sem a devida comprovação. A lei mato-grossense, por outro lado, busca eliminar restrições adicionais, como listas ou acordos que extrapolem o Código Florestal.

Impacto sobre o Crédito Rural – A resolução federal cria barreiras para o acesso ao crédito em situações onde a regularidade ambiental não está totalmente comprovada, o que pode gerar dificuldades burocráticas, especialmente para pequenos e médios produtores. Em Mato Grosso, a legislação estadual se posiciona contra qualquer restrição ao crédito que vá além do cumprimento das leis brasileiras.

Prazos e Alcance das Medidas – Enquanto o CMN prevê uma aplicação gradual das novas exigências, com plena implementação em 2026, a lei de Mato Grosso já entrou em vigor, com efeitos imediatos, ao extinguir a Moratória da Soja e outras restrições semelhantes.

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A coexistência de regras estaduais e federais pode criar conflitos operacionais e jurídicos. Mato Grosso é o maior produtor de soja do Brasil e desempenha um papel central na balança comercial do país. A nova legislação estadual reflete a pressão por menos burocracia e maior autonomia para o agronegócio.

Por outro lado, as regras do CMN indicam uma tentativa de preservar a credibilidade ambiental do Brasil no mercado internacional, onde a rastreabilidade e a conformidade com critérios ambientais são exigências crescentes.

A grande questão é como unificar essas abordagens para evitar insegurança jurídica e prejuízos aos produtores, enquanto se mantém o compromisso com a sustentabilidade. O desafio será encontrar um equilíbrio que permita ao Brasil fortalecer sua liderança no agronegócio global sem comprometer sua imagem ambiental.

Fonte: Pensar Agro

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Aprosoja-MT questiona previsão de safra recorde de soja da Conab

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) contestou as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra de soja 2024/25 no estado, apontando que as condições climáticas adversas têm impactado significativamente a colheita e a qualidade dos grãos. Em nota divulgada nesta terça-feira (21), a entidade descreveu um cenário preocupante, marcado por atrasos, perdas e dificuldades logísticas.

A Conab prevê que Mato Grosso alcance uma produção recorde de 46,16 milhões de toneladas de soja. No entanto, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), em uma estimativa mais conservadora, apontou 44,04 milhões de toneladas. A Aprosoja-MT, por sua vez, alertou que os dados estão desconectados da realidade atual. Apenas 1,41% da área plantada foi colhida até agora, um percentual 11,41% menor em relação ao mesmo período da safra anterior.

De acordo com o diretor-administrativo da Aprosoja-MT, Diego Bertuol, as chuvas excessivas nas últimas semanas têm inviabilizado a colheita em diversas regiões do estado. “O cenário é alarmante. Temos mais de 400 milímetros acumulados nos últimos 15 dias, impossibilitando as colheitas dos grãos prontos e também daqueles que já foram dessecados. Talhões com mais de 15 dias dessecados chegam a 20% de grãos avariados, enquanto outros apresentam mais de 30% de umidade, resultando em descontos superiores a 50% da carga”, explicou Bertuol.

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No leste de Mato Grosso, embora alguns produtores tenham conseguido retomar a colheita, a qualidade da soja colhida foi severamente comprometida. A Aprosoja-MT informou que índices de grãos avariados variam entre 20% e 25% na região, reforçando as dificuldades enfrentadas pelos agricultores.

Além dos prejuízos na soja, o atraso na colheita está afetando o plantio do milho segunda safra. A Aprosoja-MT destacou que o intervalo reduzido para o cultivo pode forçar os produtores a plantar fora da janela ideal, expondo as lavouras a condições climáticas desfavoráveis. Muitos agricultores já adquiriram sementes e insumos, o que os obriga a seguir com o plantio, mesmo sob riscos.

A situação é agravada por desafios logísticos e estruturais. Segundo o vice-presidente da Aprosoja-MT, Luiz Pedro Bier, as estradas não pavimentadas, essenciais para o escoamento da produção, estão em condições críticas devido às chuvas. A falta de capacidade de armazenagem também tem gerado filas nos armazéns e rejeição de cargas com alto teor de umidade, ampliando os prejuízos.

Outro problema identificado pela entidade é o prolongamento do ciclo da soja, causado pela alta nebulosidade. “O ciclo, que normalmente estaria concluído em 110 ou 115 dias, agora ultrapassa 125 dias. Isso, aliado ao surgimento de pragas, acarreta uma grande perda da produção. Essa narrativa de safra recorde não se aplica ao momento atual em Mato Grosso”, afirmou Bertuol.

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Apesar das dificuldades, os produtores de Mato Grosso seguem comprometidos com a produção sustentável e a superação dos desafios impostos pelo clima. A Aprosoja-MT reforça a importância de infraestrutura adequada e políticas públicas que atendam às demandas do setor. A busca por soluções que garantam segurança jurídica e eficiência no campo permanece como prioridade para o agro mato-grossense, que é um dos pilares da economia brasileira.

Fonte: Pensar Agro

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