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Agro Negócio

Aumento nominal não compensa perdas com inflação criticam lideranças do agronegócio

Apesar de anunciado como o maior da história, o Plano Safra 2025/2026, com R$ 516,2 bilhões voltados à agricultura empresarial, gerou reações de insatisfação entre entidades representativas do agronegócio. O crescimento de apenas 1,5% em relação ao plano anterior, somado ao avanço do crédito com juros livres e à ausência de garantias para o seguro rural, motivou críticas públicas de lideranças, associações, parlamentares e especialistas.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), uma das principais defensoras do setor no Congresso, cobrou mais clareza na composição dos recursos e destacou a frustração com a ausência de detalhamento sobre o seguro rural. A entidade alertou que, embora o volume nominal seja recorde, a composição dos recursos revela uma transferência crescente da responsabilidade do Estado para o mercado financeiro, o que compromete a segurança do produtor, especialmente em anos de instabilidade climática.

A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) também reagiu com cautela. O aumento de R$ 508,6 bilhões para R$ 516,2 bilhões, em sua avaliação, não compensa a inflação acumulada nos últimos 12 meses, que ultrapassa 5%. Para a entidade, o plano não contempla o que foi solicitado pelo setor em volume real de crédito e taxas compatíveis. A CNA ainda destacou preocupação com a elevação da taxa de juros do Pronamp, de 8% para 10%, o que afasta médios produtores das condições mínimas de financiamento.

A Aprosoja-MT chamou atenção para a composição dos recursos, destacando que mais de R$ 185 bilhões referem-se a Cédulas de Produto Rural (CPRs) lastreadas em Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), que são títulos do mercado privado, com juros livres e sem controle direto do governo. A entidade estima que, se descontadas as CPRs, o Plano Safra perdeu 17% de seu tamanho em relação ao anterior. Outro ponto destacado foi o volume insuficiente de crédito para armazenagem, considerado gargalo crítico em estados como Mato Grosso.

Isan Rezende, presidente do IA

Para o presidente do Instituto do Agronegócio, Isan Rezende, o plano representa um esforço fiscal relevante, mas ainda insuficiente diante da complexidade do momento. “Os números anunciados impressionam à primeira vista, mas quando se olha com atenção, o plano cresce para trás. Um aumento de apenas 1,5% em relação ao ano passado, num cenário de inflação superior a 5%, significa uma queda real no poder de compra dos produtores”, avaliou.

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Isan também apontou a transferência do risco ao setor privado como um alerta. “Estamos falando de mais de R$ 180 bilhões em recursos que não são subsidiados. Isso transfere ao sistema financeiro uma responsabilidade que deveria ser do Estado: garantir crédito acessível para quem produz o alimento que chega à mesa da população”, afirmou.

Outro ponto sensível citado pelo presidente do Instituto foi o silêncio em torno do seguro rural. “Em tempos de clima imprevisível, o mínimo que o produtor precisa é proteção. Sem isso, ele planta com incerteza e colhe insegurança. É preciso parar de maquiar cifras e investir de fato em políticas que cheguem na ponta e façam diferença no dia a dia de quem vive da terra”, declarou.

A Sociedade Rural Brasileira também se manifestou, considerando “estranha e negativa” a ausência de qualquer menção ao seguro agrícola no anúncio do plano. Já a Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho) reconheceu o aumento no crédito para armazenagem, mas alertou que os recursos liberados efetivamente são bem menores do que os anunciados. “Grandes grupos acessam esse dinheiro com facilidade, mas o produtor médio ainda depende de cerealistas, por falta de armazém próprio”, observou.

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O setor de máquinas agrícolas, por meio da Abimaq, lamentou o encarecimento dos financiamentos. O Moderfrota, principal linha para compra de máquinas, teve juros elevados de 11,5% para 13,5%. Embora ainda abaixo das taxas praticadas no mercado, a alta deve inibir novos investimentos. “Muito agricultor vai esperar ou comprar à vista, o que reduz o ritmo da mecanização”, afirmou a entidade.

No campo da pesquisa, a Embrapa reforçou seu apoio à construção de políticas de transição ecológica e informou que trabalha com indicadores específicos para a agricultura tropical, voltados à sustentabilidade e à adaptação ao clima. No entanto, técnicos ligados à estatal destacam que, sem um seguro rural estruturado, mesmo práticas sustentáveis ficam comprometidas diante de eventos climáticos extremos.

O Plano Safra 2025/2026 também trouxe alterações nos juros das linhas de financiamento. Para produtores médios, os financiamentos custarão 10% ao ano; para os demais, até 14%. Linhas de investimento variam de 8,5% a 13,5% ao ano. A expectativa do governo é que os recursos comecem a ser liberados até o final de julho.

Fonte: Pensar Agro

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Decreto regulamenta BR do Mar e abre exportações pelo Rio Paraguai

O governo publicou nesta quarta-feira (16/07) o Decreto 12.555/2025, que regulamenta o programa BR do Mar e moderniza leis anteriores para transformar a navegação fluvial e marítima em modal eficiente de escoamento. A medida representa um avanço significativo para o agronegócio, que ganha opção com menor custo logístico e menor impacto ambiental.

Com a nova regulamentação, rotas como o Rio Paraguai passam a conectar os portos de Corumbá, Ladário e Porto Murtinho (MS) e projetos em Cáceres (MT) ao Atlântico Sul por meio de terminais no Paraguai (Villeta e Concepción), na Argentina (Rosário) e no Uruguai (Nueva Palmira). Essa articulação multimodal pode reduzir o custo do frete em até 60% e cortar até 80% das emissões de carbono, contribuindo para a agenda de sustentabilidade.

Em números recentes da Semadesc, os portos de Corumbá e Porto Murtinho movimentaram 4,5 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2025, superando o total de 2024. O desempenho reafirma o potencial da Hidrovia do Rio Paraguai para escoar soja, minério, carne e outros produtos agrícolas com eficiência.

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O decreto também autoriza o afretamento de embarcações estrangeiras por empresas brasileiras de navegação (EBNs), com incentivos que privilegiam navios sustentáveis. Essa flexibilização abre espaço para ampliar a frota nacional, estimular a indústria naval e inserir agentes de menor porte no setor.

Segundo a Infra SA, a cabotagem hoje representa apenas 11% do transporte de cargas por navio no país. A expectativa é elevar esse indicador para cerca de 15% em até dez anos com o BR do Mar. O impacto positivo pode chegar a uma economia anual de R$ 19 bilhões em frete, com até 40% de vantagem sobre o modal ferroviário e 60% sobre o rodoviário, além de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Para o agronegócio, essa mudança significa resgatar a ideia de utilizar os rios como verdadeiras “avenidas de exportação”. Produtores e exportadores da região Centro-Oeste poderão escoar parte da produção permitindo escoar matéria-prima e produtos com mais competitividade e previsibilidade, aliviando as rodovias já sobrecarregadas.

A proposta atende demandas de entidades do setor, que apontam que o transporte rodoviário encarece a produção e desfavorece a competitividade internacional. Com o novo marco, integra-se o Brasil em uma estratégia logística intermodal mais sustentável e eficaz — com impactos positivos no desenvolvimento regional, geração de empregos e preservação ambiental.

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Em sua página no Linkedin (leia aqui) o presidente do Instituto do Agronegócio comenta a importância desta regulamentação para a logística do agronegócio.

Fonte: Pensar Agro

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