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Lambadão é reconhecido como movimento cultural e musical

Foto: WIDSON OVANDO DO NASCIMENTO

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Consultoria Legislativa

Agora é lei. O lambadão, ritmo mato-grossense que anima muitas festas e representa a criatividade e expressão artística da baixada cuiabana, foi oficialmente reconhecido como movimento cultural e musical de caráter popular. A Lei n• 10.809/2019, de autoria do deputado Guilherme Maluf (PSDB), foi sancionada pelo governador e publicada no Diário Oficial nesta terça-feira (15).

Pela nova lei, compete ao Poder Público assegurar a esse movimento a realização de suas manifestações próprias, como festas, bailes, shows, reuniões e festivais, sem quaisquer regras discriminatórias e nem diferentes das que regem outras manifestações da mesma natureza.

Proíbe ainda qualquer tipo de discriminação ou preconceito, seja de natureza social, racial, cultural ou administrativa contra o movimento ou seus integrantes. “Cantores, músicos e dançarinos são agentes da cultura popular, e como tal, devem ter seus direitos respeitados”, afirma o autor da lei, Guilherme Maluf.

A nova legislação, segundo o deputado, oficializa o que na prática já está consolidado. “Entendemos que o lambadão é o ritmo da baixada cuiabana por excelência, já que a juventude desta importante região vive em seu cotidiano a música e a dança. Sou cuiabano e tenho orgulho da nossa cultura, por isso faço questão de trabalhar pela sua valorização”, ressaltou o deputado.

Conforme texto do projeto, na definição de movimento cultural e musical de caráter popular, inclui-se não apenas a música, mas também a forma de execução, os instrumentos, as danças e as coreografias do lambadão.

No ano passado, logo após a apresentação do projeto, integrantes da banda Erre Som estiveram no gabinete do deputado para agradecer a iniciativa. “Fizemos questão de vir aqui pessoalmente agradecer ao deputado Maluf pela apresentação deste projeto, que reconhece o verdadeiro valor do lambadão”, disse Ronny, vocalista da banda.

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Ronaldo Soares, tecladista e vocalista, lembrou que a nova lei fortalecerá o estilo musical e contribuirá para sua difusão. “Muito legal a iniciativa, esse reconhecimento é muito importante. Afinal, o lambadão faz parte da cultura mato-grossense”, disse.

O músico também considerou fundamental a inclusão do artigo que busca coibir discriminação ou preconceito contra o movimento. “O lambadão ainda enfrenta preconceito. Assim como o funk, ele sempre foi visto como um ritmo musical e de dança da periferia. Hoje o funk se popularizou e é aceito por todas as classes sociais. Esperamos que isso também aconteça com o lambadão”, declarou.

Memória

Em sua monografia focada no lambadão, o jornalista e documentarista Dewis Caldas cita as influências musicais absorvidas pelo lambadão mato-grossense: a lambada paraense e o rasqueado que, por sua vez, tem influência da polca paraguaia. No Pará, a lambada fazia sucesso nas periferias e nos garimpos. Muitos garimpeiros que não prosperaram naquele estado, foram para estados vizinhos em busca do ouro. Mato Grosso recebeu muitos grupos, especialmente nas cidades de Poconé, Rosário Oeste e Várzea Grande.

Uma pessoa que teve influência desses garimpeiros que trocaram o Pará por Mato Grosso foi Chico Gil, falecido em 2000, mas até hoje considerado o Rei do Lambadão. Nascido Francisco da Guia Souza na cidade de Poconé em 10 de setembro de 1956, Chico Gil foi carpinteiro, pedreiro e mestre de obras. Por volta de 1986 passou a trabalhar com o garimpo em Poconé, sendo garimpeiro de filão.

É dele o mérito de ter popularizado o gênero em Mato Grosso. Seu primeiro sucesso foi “Ei, amigo”, a primeira música que atingiu grande alcance na capital. Clederley Roberto de Souza, filho mais velho do cantor, afirma que “quando papai cantava os garimpeiros e filãozeiros se sentiam realizados, pois ali estava alguém que representava a música favorita desses trabalhadores”.

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Segundo o músico e video-maker, Eduardo Ferreira, a expressão Lambadão foi usada pela primeira vez em 1997, pelo cantor e compositor Zé Moraes, da banda Estrela Dalva, ao ser perguntado que tipo de música era aquela. A Banda Estrela Dalva ganhou destaque no início do lambadão com hits como “Vou Dançar Com Essa Menina”, “Lambadão de Poconé” e “Você é Minha”, que vendeu 20 mil CDs em um mercado em que a média de vendagens era de 3 mil cópias.

No início da década de 90, a banda Os Maninhos teve grande sucesso, sendo a primeira grande banda de lambadão reconhecida no estado, chegando a levar multidões para os shows em Cuiabá e Várzea Grande. Outra banda de sucesso foi a Styllus Pop Som, primeiro grupo a gravar o sucesso “Toque Toque DJ”, que ganhou as rádios do país e levou o lambadão mato-grossense (também chamado de lambadão cuiabano) a ser reconhecido em todo o Brasil.

O pesquisador e músico Guapo, no seu livro de pesquisas musicais no Centro Oeste, “Remedeia co que Tem”, fala sobre esse momento.  “O lambadão, por ser uma música fácil, foi logo apropriado pelas bandas de rasqueado locais, as quais desenvolveram um estilo misturado com o siriri, ganhando assim o nome de lambadão cuiabano.

Vale ressaltar outros grupos neste contexto, as bandas Erre Som, Real Som, e Scort Som, que tem mais de trinta anos de estrada.

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Destaque

Polícia investiga desvio em emendas parlamentares e cita 14 deputados de MT

Quatorze deputados estaduais de Mato Grosso, um prefeito e um secretário de estado são citados em uma investigação da Polícia Civil que apura suposto esquema na execução de emendas parlamentares durante o período eleitoral. Eles negam qualquer irregularidade.

Polícia identificou um grupo criminoso que pode ter gerado prejuízo de R$ 28 milhões aos cofres públicos na compra de kits agrícolas. Os kits continham objetos como roçadeira, motocultivador, adubadeira costal e perfurador de solo. A Operação Suserano foi desencadeada em 24 de setembro de 2024 pela Deccor (Delegacia Especializada de Combate à Corrupção).

Documento obtido com exclusividade pelo UOL mostra que 14 deputados estaduais são citados com suspeitas de envolvimento no esquema. Além deles, o prefeito de Rondonópolis, terceira maior cidade de Mato Grosso, e o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação também são citados na investigação.

Empresário Alessandro do Nascimento é apontado como suposto beneficiado do esquema. Ele seria sócio oculto de empresa que teria recebido dinheiro de emendas parlamentares de 14 deputados. A delegada responsável pelo caso, Juliana Rado, solicitou o encaminhamento do inquérito à Polícia Federal no dia 15 de maio.

Sobrepreço seria de 10,2 milhões. Os parlamentares foram os autores de emendas que resultaram em 24 termos de fomento assinados pela Seaf (Secretaria de Estado de Agricultura Familiar) com o Instituto de Natureza e Turismo – Pronatur para fornecer kits agrícolas comprados com sobrepreço de R$ 10,2 milhões, segundo a investigação.

Empresário teria atuado como sócio oculto de uma rede de empresas que foram destinatárias de emendas. Elas foram pagas pelos seguintes deputados: José Eduardo Botelho (União), que na época era presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT); Juca do Guaraná (MDB); Cláudio Ferreira (PL), atual prefeito de Rondonópolis; Doutor João José (MDB); Alan Kardec (PSB), atual secretário de Ciência e Tecnologia da Informação; Gilberto Cattani (PL); Fabio Tardin (PSB); Julio Campos (União), ex-governador do estado; Faissal Calil (PL); Ondanir Bortolini (PSD); Dr. Eugênio (PSB); Wilson Santos (PSD); Thiago Silva (MDB); Dilmar Dal Bosco (União) e Carlos Avallone (PSDB).

Parlamentares negaram participação no suposto esquema. “Nunca participei de nenhuma entrega de obras ou equipamentos durante o período eleitoral”, disse Eduardo Botelho (União). O prefeito de Rondonópolis (MT), Cláudio Ferreira, afirmou que, enquanto exerceu o cargo de deputado estadual, destinou suas emendas parlamentares com vistas a atender os interesses dos cidadãos mato-grossenses, sendo que todas elas foram entregues e cumpridas.

De acordo com as investigações, o dinheiro dos kits foi pago pelo instituto para a empresa Tupã Comércio e Representações. Segundo a polícia, a empresa estava em nome de um homem que seria laranja do grupo criminoso e trabalhava como treinador de futebol da Associação Atlética e Cultural Nacional, presidida por Nascimento. A associação também recebeu recursos de emendas para o projeto “Craque cidadão” que totalizaram mais de R$ 1 milhão.

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Segundo as investigações, Nascimento planejava comprar dois imóveis nos Estados Unidos por R$ 7 milhões. A polícia suspeita que ele teria atuado para lavar dinheiro no exterior, utilizando um contador nos Estados Unidos.

Procurada, a defesa de Nascimento disse que ele “não foi indiciado ou denunciado, sequer foi ouvido pela Polícia Civil” e negou que o cliente tenha contratos no estado do Mato Grosso.

Nascimento é apontado como pessoa próxima do deputado estadual Carlos Avalone (PSDB). Conforme as investigações, o parlamentar esteve presente na festa de aniversário de 15 anos da filha de Alessandro. Avalone foi o autor de uma emenda parlamentar de R$ 10 milhões destinada à compra de 25 mil kits de ferramenta da agricultura familiar. Procurada, a assessoria do deputado disse que “não houve entrega de kits em período eleitoral e as entregas feitas pelo deputado foram publicizadas nas redes sociais do parlamentar, para total transparência. O deputado reitera que está à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento”.

Procurado o deputado enviou nota à reportagem dizendo que “não indicou entregas nem participou de qualquer entrega dos kits agrícolas. Como o deputado não destinou emendas, indicou beneficiários ou participou de entregas dos kits agrícolas, fica evidente seu distanciamento do caso”.

Caixa com anotações foi recuperada

Um dia antes de a operação ser deflagrada, em 24 de setembro de 2024, Nascimento teria descoberto as investigações. Segundo a polícia, ele deixou na casa de um casal de amigos uma caixa, na tentativa de evitar que o material fosse apreendido. A caixa foi entregue pelo próprio Nascimento à Polícia Civil dias depois.

Nela, foram verificadas anotações com os nomes de deputados estaduais. As anotações trazem os nomes de Eduardo Botelho (União) e Ondanir Bortolini (PSD), este último conhecido como Nininho.

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“500k Nininho” e “1m Botelho” e, abaixo, “Distribuição e fomento de materiais esportivos para?”, diziam as anotações. Os cadernos que o investigado supostamente tentou esconder também mostram anotações em nome de Dr. Eugênio (PSB), Dilmar Dal Bosco (União), Faissal Calil (PL), Carlos Avalone (PSDB) e Thiago Silva (MDB).

A polícia também identificou que diversos deputados estaduais solicitaram produtos para a empresa Tubarão Sports. Segundo a polícia, a empresa também tem Nascimento como sócio oculto. Os deputados que fizeram estas solicitações, segundo a polícia, foram: Eduardo Botelho (União), Juca do Guaraná (MDB), Claudio Ferreira (PL), Doutor João José (MDB), Alan Kardec (MDB).

“500k Nininho” e “1m Botelho” e, abaixo, “Distribuição e fomento de materiais esportivos para?”, diziam as anotações. Os cadernos que o investigado supostamente tentou esconder também mostram anotações em nome de Dr. Eugênio (PSB), Dilmar Dal Bosco (União), Faissal Calil (PL), Carlos Avalone (PSDB) e Thiago Silva (MDB).

A polícia também identificou que diversos deputados estaduais solicitaram produtos para a empresa Tubarão Sports. Segundo a polícia, a empresa também tem Nascimento como sócio oculto. Os deputados que fizeram estas solicitações, segundo a polícia, foram: Eduardo Botelho (União), Juca do Guaraná (MDB), Claudio Ferreira (PL), Doutor João José (MDB), Alan Kardec (MDB).

“Documentos obtidos indicam que houve participação direta dos deputados nos eventos de entrega, utilização política desses eventos em período eleitoral e coleta de informações pessoais dos beneficiários (nome, CPF, telefone e endereço)”. Trecho do relatório obtido pela reportagem do UOL.

“Diante disso, verifica-se, em princípio, a existência de atribuição da Polícia Federal para a condução e/ou continuidade das investigações, especialmente considerando os indícios de prática de crime eleitoral anteriormente mencionados”. Juliana Rado, da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção.

Fonte: UOL Notícias

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