Mais de 200 questionários são realizados durante Circuito Tecnológico Milho
Em cinco dias de expedição, sete equipes percorreram mais de 11 mil quilômetros
Divulgação
11/05/2018
Exatamente 213 agricultores de Mato Grosso responderam aos questionários do Circuito Tecnológico Milho de 2018. O evento, que está em sua quinta edição, é realizado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) e ocorreu entre os dias 23 e 27 de abril.
No total, foram 36 municípios e 11.606 quilômetros percorridos nas regiões mais produtoras de Mato Grosso. As sete equipes também coletaram amostras de sementes de plantas daninhas, para a realização de testes em laboratório com a intenção de avaliar a resistência e suscetibilidade. “Os resultados, com relatório completo, serão enviados aos produtores rurais que receberam nossas equipes e também divulgados por nós”, explica a gerente de Pesquisa e Gestão de Propriedades da Aprosoja, Cristiane Sassagima.
Do ponto de vista técnico, os questionários aplicados focaram em plantas daninhas, pragas, doenças, presença de palhada, potencial produtivo, armazenagem e classificação de grãos. No caso de plantas daninhas, os relatórios preliminares indicaram bom nível de controle, de forma geral. Entretanto, um fato que merece atenção é a alta infestação de plantas daninhas presente nos carreadores e margens das lavouras.
“O controle inadequado pode contribuir para dispersão de sementes nas lavouras e consequentemente onerar o custo de produção. Na média, tem sido realizado uma aplicação de herbicida na pós-emergência da cultura, normalmente, envolvendo a associação de atrazina e glifosato ou com outra molécula de ação graminicida mais pronunciada”, alerta a nota técnica, com relatório preliminar do Circuito Tecnológico, assinado pela Embrapa Agrossilvipastoril e Embrapa Milho e Sorgo.
Pragas, doenças e potencial produtivo- Sobre pragas, as duas principais elencadas pelos produtores de milho safrinha foram o percevejo barriga verde (Dichelops melacanthus), migrando das lavouras de soja para o milho, no início de desenvolvimento da cultura, e a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda).
Em relação às doenças, a sanidade das lavouras verificadas durante as visitas é boa e as pulverizações com fungicidas, na grande maioria das propriedades visitadas, são realizadas de maneira preventivas (calendarizadas).
Já em relação ao potencial produtivo, as lavouras apresentam bom potencial, principalmente, as implantadas dentro da janela de cultivo recomendada, tendo em vista, o bom regime hídrico, segundo o relatório. No entanto, em algumas regiões visitadas, coma a sudeste e a nordeste do estado, o potencial produtivo ainda está indefinido, com algumas lavouras caminhando para baixa produtividade, devido à falta de chuva, já que parte destas lavouras tiveram a semeadura atrasada, tendo em vista que também houve atraso das chuvas para o semeio da soja e/ou o excesso de chuvas durante a sua colheita em algumas regiões, ocasionaram este atraso no semeio do milho safrinha.
O evento – O Circuito Tecnológico Milho de 2018 teve o apoio da Embrapa, do Instituo Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e patrocínio da Bayer.
Nota técnica – Para acessar a nota técnica realizada pelas Embrapa Agrossilvipastoril e Embrapa Milho e Sorgo, clique aqui.
Aprosoja-MT acusa Moratória da Soja de cartel e pede investigação ao Cade
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) protocolou um pedido formal ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para investigar práticas comerciais das empresas signatárias da Moratória da Soja. A entidade argumenta que o pacto, firmado em 2006 para conter o desmatamento no bioma amazônico, transformou-se em um mecanismo de exclusão econômica que viola o princípio da livre concorrência e prejudica os produtores que seguem a legislação ambiental.
A principal queixa da Aprosoja-MT é que a Moratória extrapola o Código Florestal, que permite o uso de até 20% das áreas de floresta na Amazônia Legal para produção, desde que estejam devidamente licenciadas. No entanto, segundo a entidade, as tradings signatárias da moratória, que representam 90% do mercado, recusam-se a comprar soja cultivada nessas áreas legalmente abertas, adotando a política de “desmatamento zero”.
Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja-MT, critica o impacto econômico do acordo, que afeta diretamente 65 municípios e 2,7 milhões de hectares no Mato Grosso. “Quando desprezou o direito dos agricultores, a Moratória da Soja deixou de ser uma solução ambiental para se tornar um obstáculo ao progresso econômico de regiões inteiras”, afirmou Beber. A entidade calcula que as restrições resultam em perdas superiores a R$ 20 bilhões.
No pedido, a Aprosoja-MT sustenta que a Moratória configura um cartel de compra, no qual as tradings atuam de forma coordenada para limitar a comercialização da soja e controlar preços, ferindo a livre iniciativa e os princípios constitucionais da economia de mercado.
Sidney Pereira de Souza Jr., advogado da Aprosoja-MT, afirmou que a investigação pode comprovar a existência de um boicote coletivo. “Há indícios claros de uma atuação coordenada que restringe o mercado e prejudica milhares de agricultores, que têm o direito de ver sua produção reconhecida e comercializada de forma justa.”
A Moratória da Soja foi criada como um compromisso entre empresas, ONGs, governo e sociedade civil para evitar desmatamentos ilegais no bioma amazônico, impondo restrições à compra de grãos cultivados em áreas desmatadas após 22 de julho de 2008. Contudo, a Aprosoja-MT alega que o pacto impõe barreiras supralegais aos produtores que cumprem o Código Florestal, estabelecendo critérios adicionais que não têm respaldo na legislação brasileira.
A entidade ressalta que o Código Florestal, aprovado em 2012, já estabelece regras claras para a proteção ambiental e o uso da terra. “O acordo da moratória pune quem age dentro da legalidade, o que é inaceitável. Precisamos garantir que a legislação nacional seja respeitada, e não suplantada por critérios impostos unilateralmente”, disse Beber.
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Câmara dos Deputados e Senado já haviam solicitado ao Cade a abertura de uma investigação sobre o impacto da Moratória da Soja, apontando possíveis violações à livre concorrência. A Aprosoja-MT reforçou esses pedidos com novos dados técnicos e pareceres jurídicos, argumentando que o pacto compromete o desenvolvimento econômico das comunidades locais e prejudica o mercado nacional de soja.
Com o Mato Grosso ocupando posição de destaque na produção global de soja, a investigação do Cade pode ter amplas repercussões no setor, impactando não apenas o agronegócio brasileiro, mas também o comércio internacional de grãos.
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