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Agricultura

Mercado de terras agrícolas no Brasil passa por transformação com aumento da seletividade e avanço da agricultura

Nos últimos anos, o mercado de terras agrícolas no Brasil tem registrado mudanças significativas, impulsionadas pelo aumento nos preços das commodities, a expansão da área plantada e a valorização de propriedades rurais.

O preço médio por hectare no país quase dobrou em três anos, alcançando média de R$ 55,02 mil em 2023. Esse cenário reflete uma busca crescente por terras como ativo seguro contra a inflação, mas também revela desafios e tendências inéditas no setor. no Sul e Sudeste, o valor médio do hectare agricultável varia entre R$ 80 mil e R$ 120 mil; no Centro-Oeste, o valor médio do hectare fica entre R$ 60 mil e R$ 80 mil; enquanto no Nordeste, o valor médio do hectare está na faixa de R$ 40 mil a R$ 60 mil.

No estado de Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, por exemplo, as transformações são particularmente evidentes. A agricultura, especialmente a produção de grãos como soja e milho, tem avançado sobre áreas tradicionalmente destinadas à pecuária. Propriedades com menor capacidade produtiva para a criação de gado estão sendo colocadas à venda, especialmente por pequenos e médios pecuaristas que não conseguem competir ou preferem capitalizar seus ativos para outras finalidades.

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Municípios como Cocalinho, Primavera do Leste e Paranatinga destacam-se pela alta oferta de terras para venda. Em Cocalinho, 30% do território está disponível no mercado, com grande parte das fazendas voltadas para a pecuária de corte. Já em Primavera do Leste e Paranatinga, as ofertas abrangem áreas com aptidão para lavouras e pecuária.

Além do avanço agrícola, outro fator que impulsiona a reorganização do mercado é a crescente demanda por propriedades de maior qualidade. Segundo especialistas, investidores têm sido cada vez mais seletivos, analisando aspectos como solo, clima, logística e infraestrutura antes de concretizar negócios. Em regiões onde o solo apresenta maior percentual de argila, boa disponibilidade hídrica e topografia favorável, os valores tendem a ser mais altos, refletindo o potencial produtivo.

Outro ponto que influencia o mercado é o movimento de sucessões familiares no agronegócio. Proprietários mais antigos, muitas vezes sem sucessores interessados em continuar na atividade rural, optam por vender suas terras, especialmente as de menor qualidade. Essas propriedades são frequentemente adquiridas por investidores maiores, que têm capital e tecnologia para adaptá-las ao cultivo agrícola.

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Com o lançamento do Atlas do Mercado de Terras, pelo Incra, novas ferramentas para análise do mercado estão sendo disponibilizadas. O documento sistematiza dados sobre valores e uso das terras rurais, permitindo uma visão detalhada sobre as tendências e os desafios do setor. Segundo o Incra, o trabalho de monitoramento de terras no Brasil, iniciado nos anos 1990, é crucial para entender as dinâmicas do mercado e orientar políticas públicas e investimentos privados.

Essas mudanças no mercado de terras indicam uma reconfiguração do uso da terra no Brasil, com a agricultura ganhando espaço em áreas anteriormente dedicadas à pecuária. O movimento, embora positivo para o aumento da produtividade agrícola, também exige atenção às questões ambientais e sociais, garantindo um equilíbrio sustentável para o setor rural.

Fonte: Pensar Agro

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Agricultura

Abiove quer mudar monitoramento para equilibrar preservação e demandas econômicas

Na próxima semana, a Moratória da Soja, volta a ser discutida no Brasil. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) anunciou que promoverá uma reunião para discutir ajustes na Moratória da Soja, acordo firmado há 18 anos com o objetivo de impedir a comercialização de soja proveniente de áreas desmatadas na Amazônia após 22 de julho de 2008. A reclamação dos produtores brasileiros é que a moratória desconsidera a legislação local que define o que é desmatamento legal e ilegal, e torna tudo uma coisa só.

Um dos pontos centrais da reunião deverá ser a proposta de alterar a forma de monitoramento da moratória. Atualmente, o controle é feito em nível de fazendas inteiras, o que, segundo alguns produtores, penaliza áreas que poderiam estar em conformidade. A nova proposta sugere uma avaliação detalhada por campo individual, permitindo maior flexibilidade e incentivando o cumprimento das normas sem comprometer a produtividade.

A Abiove destacou que busca um equilíbrio entre a preservação ambiental e as demandas econômicas do setor. Para isso, defende ajustes no modelo atual que fortaleçam a fiscalização e garantam a rastreabilidade da produção.

O debate ocorre em um momento de reações polarizadas dentro do Brasil. No mês passado, o estado de Mato Grosso aprovou uma lei que retira incentivos fiscais de empresas que aderem à moratória ou firmam acordos considerados incompatíveis com a legislação nacional e o Código Florestal.

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A medida reflete o descontentamento de produtores que consideram o pacto uma interferência desnecessária, especialmente em um cenário em que as leis brasileiras já impõem rígidos requisitos de preservação ambiental, como a obrigatoriedade de manter 80% das propriedades no bioma amazônico intactas.

Além disso, o Parlamento Europeu aprovou recentemente o adiamento da entrada em vigor da Lei Antidesmatamento, que exigirá a comprovação de que produtos como soja e carne não são oriundos de áreas desmatadas. Essa legislação, inicialmente prevista para 2024, foi prorrogada para dezembro de 2025 no caso de grandes empresas, oferecendo uma janela de adaptação maior para países exportadores, como o Brasil.

O agronegócio brasileiro, frequentemente colocado sob escrutínio internacional, enfrenta o desafio de conciliar a pressão por preservação ambiental com a necessidade de crescimento econômico. Muitos produtores apoiam o cumprimento da legislação nacional, que consideram suficientemente rigorosa para coibir práticas de desmatamento ilegal, ao mesmo tempo que defendem ajustes na moratória como forma de valorizar quem produz de maneira sustentável.

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Por outro lado, há um consenso crescente sobre a importância de evitar que barreiras comerciais, como a Lei Antidesmatamento, prejudiquem a competitividade do setor. Para isso, é crucial aprimorar os mecanismos de monitoramento e reforçar a imagem do Brasil como um fornecedor confiável de commodities.

A reunião da Abiove promete trazer à tona discussões importantes para o futuro da Moratória da Soja e sua adequação às novas demandas do mercado global. Com um setor cada vez mais pressionado a demonstrar responsabilidade socioambiental, encontrar soluções que aliem desenvolvimento sustentável e competitividade será essencial para garantir o protagonismo do Brasil no comércio internacional.

Por enquanto, a expectativa é de que os debates tragam caminhos que fortaleçam tanto os produtores quanto a preservação ambiental, sem comprometer a soberania das legislações nacionais nem a viabilidade econômica do agronegócio.

Fonte: Pensar Agro

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