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Mato Grosso

Reeducandos conquistam vagas em universidades públicas de MT

Catorze reeducandos de Mato Grosso conseguiram vagas em universidades públicas no estado na primeira chamada do Sistema de Seleção Unificada para acesso ao Ensino Superior (Sisu), do Ministério da Educação. O resultado foi divulgado na segunda-feira (28.01) e as vagas são para cursos como ciências biológicas, engenharia agrícola, geografia, matemática e engenharia de alimentos na Universidade Federal de Mato Grosso e na Universidade Estadual de Mato Grosso.

A unidade prisional com maior número de inscritos no Sisu foi a penitenciária de Sinop, com quatro vagas. Os 14 inscritos na primeira chamada do Sisu estão em 11 unidades penais: Cadeias femininas de Cáceres e de Nortelândia; unidades masculinas de Barra do Bugres, Barra do Garças, Cáceres, Campo Novo do Parecis, Jaciara, Primavera do Leste, Porto dos Gaúchos; centro de detenção provisória de Tangará da Serra e a Penitenciária de Sinop. Agora, a relação dos reeducandos será encaminhada aos respectivos juízes da Execução Penal, a quem cabe autorizar o custodiado a cursar o ensino superior. 

Conforme o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para pessoa privadas de liberdade, realizado em dezembro passado, 673 recuperandos de Mato Grosso conseguiram notas para inscrição no Sisu.  

A coordenadora do Núcleo de Educação nas Prisões (NEP) do Sistema Penitenciário, Fabiana Magalhães, observa que o número de aprovados no Enem superou as expectativas e demonstra o esforço das equipes nos projetos educacionais com os reeducandos. “Os pedagogos e gestores das unidades se uniram num esforço conjunto para ampliar o alcance das atividades educacionais com as pessoas privadas de liberdade”.

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Os participantes que não conseguiram vaga na primeira chamada, ainda podem ser cadastrados na lista de espera. A segunda chamada do Sisu está prevista para a primeira semana de fevereiro.

Até 2016, a participação no Enem servia para que o reeducando pudesse certificar a conclusão do ensino médio. Para o Enem 2018 houve mudança e puderam participar apenas quem já havia concluído o ensino médio. Em Mato Grosso foram inscritos no exame 1.028 reeducandos do regime fechado, de 37 unidades do Sistema Penitenciário de Mato Grosso, número superior em 35% ao ano anterior.

Recomeço

Das salas de aula instaladas em unidades penais, recuperandos conseguiram obter sucesso nas provas do Enem e atualmente estudam, mediante autorização judicial, em instituições públicas de ensino superior, como a universidade federal em Rondonópolis.

J.M. ingressou no curso de Zootecnia da UFMT em Rondonópolis após conseguir uma vaga pelo Enem 2017. Agarrou a chance que recebeu na penitenciária para estudar e se atualizar. Com o auxílio do cursinho preparatório para o Enem ofertado nas salas de aula da unidade, ele conseguiu fazer o exame e alcançar pontuação para a graduação escolhida na universidade federal. “O Enem é importante, pois abre portas para o futuro de muitas pessoas. Na unidade recebi uma oportunidade ímpar e a faculdade vai me proporcionar uma nova chance, um novo futuro que vai modificar minha vida”.

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A.J., 36 anos, cursa Letras na UFMT. Quando entrou na penitenciária Major Eldo Sá Corrêa, tinha apenas a sexta série. “Comecei a frequentar a escola dentro da unidade e foi onde tive a oportunidade de concluir o ensino médio. Fiz o Enem e alcancei a média para entrar na universidade”, afirma o universitário que está no terceiro ano da graduação.

Ele acrescenta que o começo foi difícil, pela própria insegurança em entrar em um mundo, até então, desconhecido. “Contei com muito apoio das professoras da unidade. Aumentei minha autoestima, relacionamento familiar. Não foi fácil, tinha insegurança em saber como seria tratado pelo que cometi no passado. Fiz um círculo de amizades importantes dentro da universidade que me ajudou a superar muitas dificuldades. Vou alcançar meu objetivo de concluir meu curso e fazer uma pós”, diz.

“Na minha vida de antes não passava pela minha cabeça eu terminar meu ensino médio, entrar em uma faculdade. Essa foi a oportunidade que me apareceu dentro da unidade prisional e sou bastante agradecido por isso e me empenho bastante em concluir meu curso”, conclui.

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Destaque

Captações de córneas realizadas pela Politec em 2024 ajudam 300 pessoas a restaurar a visão

No ano de 2024, a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) ajudou 300 pessoas a voltar a enxergar, através de transplante de córneas realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir da captação dos tecidos de vítimas de morte violenta encaminhadas à Diretoria Metropolitana de Medicina Legal (DMML).

O procedimento é realizado após o exame de necropsia em cadáveres que não possuíam doenças impeditivas pré-existentes, em até 12 horas após o óbito, mediante consentimento da família da vítima. Antes do transplante é feito o exame sorológico pela Secretaria Estadual de Saúde para a detecção de doenças infectocontagiosas que possam inviabilizar o procedimento.

A luz penetra no olho através da córnea, a camada clara e curva na frente da íris e da pupila. A córnea atua como camada protetora da parte frontal do olho e também ajuda a concentrar a luz sobre a retina, no fundo do olho.

A Diretoria Metropolitana de Medicina Legal é o maior centro de captação de córneas do Estado, onde 95% dos tecidos são aptos para o transplante. Conforme o coordenador técnico do Banco de Olhos de Mato Grosso, Alexandre Roque, a parceria diminuiu o tempo de espera para o transplante. Atualmente o paciente espera de uma a duas semanas para a realização do procedimento cirúrgico. No ano de 2024, 150 captações geraram 300 transplantes de córneas.

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“O banco de olhos de Mato Grosso é diferenciado do resto do país justamente pela colaboração da Politec. Nós aproveitamos 95% das córneas do IML enquanto outros Estados que coletam córneas em hospitais aproveitam 30% a 35%. Isso acontece, pois as vítimas encaminhadas à DMML são pessoas que gozavam de perfeita saúde e que morreram por alguma tragédia”, apontou o coordenador. Além da DMML, a captação também é feita no Serviço de Verificação de Óbito, gerido pela Secretaria Estadual de Saúde.

O procedimento de coleta é realizado desde o ano de 2007, sendo regulamentado via termo de cooperação firmado entre as Secretarias de Estado de Saúde e de Segurança Pública e o Banco de Olhos de Mato Grosso.

O transplante beneficia tratamentos de doenças como o ceratocone – que causa coceiras constantes nos olhos, o que modifica a curvatura da córnea causando elevados graus de miopia e astigmatismo que não é possível de serem corrigidas com óculos ou lentes de contato; degeneração corneana, que acomete principalmente a idosos, e ceratopatia bolhosa – uma doença ocular que envolve um edema em forma de bolha na córnea.

Os trâmites para a captação devem ser feitos através da Central de Transplantes da Secretaria Estadual de Saúde, que após contato com a unidade de captação, aciona imediatamente o Banco de Olhos.

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Para que a doação seja efetivada, é preciso que a pessoa em vida manifeste o interesse para a sua família. Contudo, quem decide no momento da abordagem é o familiar, sendo ele de primeiro grau (pai, mãe, filhos, avós, esposas se forem casados em cartório).

Alexandre relata que até a realização da coleta existe uma corrida contra o tempo, do momento do óbito até a autorização para a retirada das córneas.

“Quando a família comparece à DMML para a liberação do corpo, uma psicóloga do Banco de Olhos realiza uma abordagem ao familiar e o acolhe em uma sala reservada onde é explicado sobre a possibilidade de doação das córneas da vítima”, afirmou.

O Estado de Mato Grosso é responsável por todo o procedimento, desde a abordagem, retirada das córneas, preparação, transplante e pós-operatório, realizado de forma gratuita por meio do Sistema Único de Saúde.

O coordenador ressalta a importância do trabalho social realizado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública, por meio da Politec, possibilitando que milhares de pessoas voltem a enxergar. “O IML transforma a dor da perda do ente querido em alegria à população na forma de doação de córnea. É indescritível a emoção e gratidão de todos os familiares envolvidos, tanto dos que doaram quanto dos que receberam as córneas”, finalizou.

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